Amour, de Michael Haneke, está sendo exibido num único cinema por aqui. Um dos “alternativos,” que leva o sugestivo nome de “Chez Artiste.”
O amor. O que é? O amor é a personagem de Emmanuelle Riva repetindo “mal… mal… mal…” – é a personagem de Jean-Louis Trintignant num determinado momento esbofeteando-a – são os sonhos e os pesadelos – a xícara de chá oferecida quando a realidade fica excessivamente brutal (mas tão “normal,” e ainda mais brutal por isso: afinal, que outra certeza temos da vida se não a morte?) – as refeições compartilhadas e as refeições não compartilhadas – o modo como cada um faz o possível. O possível. O amor é imperfeito, limitado, confuso e belo. O amor é o amor possível.
Amour é um filme lindo e terrível, e sumamente necessário, na minha opinião.
A primeira coisa que ouvi ao sair do cinema foi a conversa do casal à minha frente. A mulher olhou para o homem e sorriu. “I know you hated it,” ela disse (“sei que você detestou”).
Eu e Paulo tínhamos conosco uma caixa de chocolates quase intacta (e meio derretida). E um silêncio foi conosco no carro, até em casa, em meio à nossa conversa. Havia uma imensa lua cheia sobre a cidade e luzes dos prédios diante de nós, e a vida, a vida em toda parte.
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